sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Digital profiling versus Inteligência Artificial (a tua vida sem segredos)

Na sequência de artigos anteriores  voltamos novamente a abordar a importância de trazer para o ensino (de jovens e adultos) o conceito de criação  de identidade digital no vídeo que partilhamos em baixo é abordado o conceito de "digital profiling" que atualmente é especialmente utilizado em termos de marketing/vendas, conhecido por "marketing direto" e que é especialmente importante no nicho de mercado de crianças e jovens. Contudo, o que "alertamos" é que o digital profiling não se refere somente ao marketing, mas está  presente também noutras áreas da nossa sociedade nomeadamente dos recursos humanos e investigação criminal.

Juntando a esta equação os sistemas informáticos de "inteligência artificial" que permitem uma análise de metadados relativos à nossa presença online percebe-se o quanto  a nossa vida pode ser analisada.

É importante que a comunidade educativa transite de uma noção de pegada digital (assente numa noção do que foi feito no passado) e comece a assumir que grande parte de nós somos sujeitos digitais e que temos que aprender a gerir  a nossa identidade digital bem como a dos nossos educandos percebendo que a "identidade digital" e a "identidade real" não "podem" nem devem ser dispares.



quarta-feira, 27 de setembro de 2023

As carreiras profissionais e o desenvolvimento profissional no Séc. XXI

Muitas das vezes trabalhamos por trabalhar, não pensando nem nosso presente, nem nosso futuro numa sociedade em constante mudança.

A orientação vocacional dos alunos da escola já é implementada há muito tempo, no entanto numa maioria dos casos é aplicado número reduzido de alunos num determinado escalão etário. Porém, o que a investigação nos demonstra é que cada vez temos que estar mais despertos para a evolução das nossas carreiras e das nossas profissões, decidindo em cada momento quais as mudanças que temos que operar para acompanharmos o mundo em constante transformação. 



"Em que consiste o coaching de carreira, a quem se destina, como pode ajudar alguém, que desafios enfrentam os trabalhadores quando querem mudar de profissão e o que os leva a querer fazê-lo? A psicóloga Julia Yates explica. É especialista no tema.

Julia Yates é psicóloga, diretora do mestrado em Psicologia Organizacional da Universidade de Londres, e tem mais de 20 anos de experiência na área de coaching de carreira. Foi precisamente sobre coaching de carreira que falou à CNN Portugal, à margem do Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, onde esteve como oradora.

O que é coaching de carreira e em que é que pode ajudar alguém?

Acho que o primeiro grande benefício é que o cliente está a trabalhar com alguém que não o conhece e que não tem um interesse pessoal no que esse cliente acaba por fazer. O trabalho do coach de carreira é ajudá-lo a descobrir o que ele quer fazer. E ajudá-lo a fazer com que funcione.

Outra coisa importante e útil sobre ir a um destes coaches é que eles sabem como é que as pessoas fazem escolhas de carreira. Por isso, onde quer que o cliente esteja “bloqueado” na sua jornada, eles devem fazer algumas perguntas importantes, ou sugerir alguns exercícios, ou algumas coisas para o cliente ler e pensar, que o possam ajudar a seguir em frente

É um espaço psicologicamente seguro onde o cliente pode pensar sobre o que quiser com alguém que entende o que ele está a passar e como pode seguir em frente.

Como funciona uma sessão de coaching de carreira?

A maioria dos coaches, a maioria dos bons coaches, segue um modelo de processo. O GROW model é o mais usado no Reino Unido. O G significa goal [objetivo], ou seja, estabelecer um objetivo para a sessão. O R é reality [realidade] e é quando dizemos ao cliente: ‘Conte-me a sua história até agora, o que nos trouxe até este ponto.’ O O significa options [opções] e o cliente vê o que pode fazer a seguir para resolver o problema, reduzindo as opções possíveis. E o W é way forward [caminho a seguir], que é a fase em que o cliente diz: ‘Isto é o que eu vou fazer, desta forma, e é daquela maneira que vou saber que fui bem-sucedido.’

Coaching de carreira é só para quem está “bloqueado” na carreira? Ou alguém que esteja feliz também pode beneficiar?

Trabalhamos com pessoas que não estão felizes no trabalho para pensar em maneiras de ficarem onde estão, mas melhorarem as coisas, ou então irem para outro sítio. Podemos trabalhar com pessoas no início da carreira, a pensar no primeiro emprego, e também no final, com pessoas que vão reformar-se e a pensar no que se segue para elas.

Alguém que está feliz no trabalho e procure apenas algum apoio para ser melhor pode procurar um coach, mas acho que o mais indicado seria talvez um coach executivo ou de performance, em vez de um coach de carreira.

Todos os que estão “bloqueados” beneficiam do coaching de carreira? Ou há pessoas que, pela sua personalidade, ou outros fatores, não podem ser ajudadas?

Pode haver pessoas cujas barreiras sejam profundas demais para que o coach de carreira possa ajudar. Alguém com problemas de saúde mental graves, por exemplo. Se a razão pela qual alguém não consegue avançar na carreira é porque está a sofrer de depressão profunda, um coach de carreira não deve ser a primeira pessoa a procurar e sim alguém que lhe possa proporcionar uma terapia mais profunda.

O coach de carreira tem de ter esses limites, sobre o que pode ou não fazer…

Exatamente. O coach de carreira precisa saber o que não pode fazer e o que pode fazer e precisa ser muito explícito, honesto e transparente sobre essas coisas.

Todos temos um nível de ansiedade e existe uma coisa chamada ansiedade de carreira porque fazer escolhas de carreira pode deixar as pessoas bastante stressadas. Se for esse tipo de ansiedade, um coach de carreira pode ajudar, mas, se for ansiedade clínica, já não.

Ainda assim, esses limites não são tão claros. Podemos ter uma definição técnica de quando alguém passa de não clínico para clínico, mas na prática acaba por se tornar um pouco difuso. Por isso, acho que o coach de carreira precisa de ter muito claro onde estão os seus limites, mesmo que isso não reflita necessariamente testes clínicos.

Ao longo destes mais de 20 anos de carreira, houve pessoas que não conseguiu ajudar?

Já encontrei pessoas em que o coaching de carreira não as deixou com uma espécie de ‘Ah, vi a luz e sei exatamente o que preciso fazer’. Mas acho que, provavelmente, consegui ajudar a avançar todos os que escolheram vir ter comigo. Todas as conversas foram positivas, fizeram alguma coisa, levaram a algum lado. Claro que os clientes são todos muito educados e dizem: ‘Obrigado, Julia, foi fantástico’. Mas quem sabe o que foram dizer aos amigos e colegas. Contudo, acredito que, em geral, as conversas permitiram que as pessoas pensassem de forma diferente ou se sentissem mais confiantes sobre o que estão a fazer.”

Qual é a importância da carreira na vida das pessoas?

As carreiras são muito importantes na vida das pessoas. Tom Rath e Jim Harter fizeram um estudo global, com pessoas de todo o mundo, para perceber quais os fatores que estão mais associados a pessoas que são bem-sucedidas na sua vida.

Identificaram cinco pilares: comunidade, saúde, finanças, relacionamentos e carreira. Todos estes fatores são muito importantes para as pessoas serem bem-sucedidas na vida, mas a carreira foi a mais significativa. Eles descobriram que as pessoas que são bem-sucedidas nas suas carreiras têm duas vezes mais possibilidades de serem bem-sucedidas na vida.

Acho que o que este estudo mostra é que, para todos, independentemente do trabalho que façam, a carreira tem um impacto mais profundo do que apenas o que sentimos no momento. Tem impacto na identidade, nas relações, nas atividades dos tempos livres, tem um grande impacto na vida em geral.

Passamos uma grande parte da vida a trabalhar, se não estivermos felizes, as coisas não vão correr bem em geral.

Nota diferenças no tipo de receios/problemas dos clientes, quando começou e agora?

 Passei a maior parte da minha carreira a trabalhar com jovens, em escolas ou universidades. E agora passo grande parte da minha vida com pessoas com vinte e poucos anos que pensam no que fazer a seguir. E noto um aumento na ansiedade, problemas de saúde mental.

Não sei dizer se é um aumento considerável das pessoas que reconhecem isso e se sentem à vontade para falar. Ou se é realmente um aumento na ansiedade. Acho que pode ser um pouco dos dois. Há mais ansiedade, mas as pessoas também se sentem um pouco mais confortáveis e confiantes a falar sobre isso.

Essa é uma área em que eu acho que houve mudanças, mas também acho que a maneira como os “coaches” de carreira respondem a isso mudou. Acho que entendemos como a ansiedade é normal e temos maneiras diferentes de a incorporar no nosso trabalho.

Há muitos mitos ou equívocos sobre coaching de carreira?

Não é uma profissão regulada. Na verdade, até mesmo os “coaches” de carreira nem sempre sabem o que são.

Pode haver situações em que alguém vai a um coach que é muito direto, dá conselhos, diz às pessoas o que fazer, dá-lhes informações. E depois muda para outro coach de carreira como eu, que lhe diz: ‘Não, não vou lhe dar a informação. Se quiser informações pode ir ao Google. O que podemos é falar sobre quais as informações que precisa, mas não lhe vou dar a informação.’

Acho que o que é importante é que haja uma espécie de contrato inicial em que o coach tem de ser muito claro. ‘Esta é a minha filosofia, este é o meu estilo de coaching. Se vier ter comigo é isto que vai ter’. Se houver isso, deverá existir uma correspondência de expectativas.”

Não sendo uma profissão regulada, quem quiser ser coach pode ser…

Sim. E isso é um problema. Se eu estivesse à procura de um coach de carreira, a primeira coisa que faria era ver se era certificado por um órgão profissional. Se alguém é um psicólogo certificado ou um coach certificado pela Association for Coaching ou pela International Coach Federation, uma dessas grandes organizações profissionais, sentir-me-ia confiante de que tem uma formação e treino decentes. Todos os profissionais certificados por essas organizações têm de seguir um código ético.

O que é um bom coach de carreiras?

Primeiro digo-lhe o que acho que é um bom coaching de carreiras. Todas as evidências dizem que é preciso o que chamamos de aliança de trabalho, que consiste em três coisas. A primeira é ter um objetivo partilhado, ou seja, ambos concordam com o que estão a tentar alcançar. A segunda é uma compreensão compartilhada do processo, o que significa que os dois concordam que sabem como vão chegar lá. E a terceira coisa, e mais importante, é haver um bom relacionamento.

Em termos do que faz um bom coach de carreira, acredito que seja sobre o relacionamento. Acho que bons coaches de carreira estão realmente interessados nos seus clientes, nas suas histórias, no seu futuro e estão muito presentes no momento. Naquele momento, durante aquela conversa, todo o seu foco está naquele cliente e o coach como que entra no mundo dele para descobrir o que vai funcionar para ele.

Ajuda a desbloquear clientes tímidos ou receosos, por exemplo?

Precisamente. Se tiver um coach de carreira que seja bom nesse relacionamento, mesmo que o cliente esteja com medo ou tímido, descobre que pode dizer coisas, pode explorar. O coach ajuda-o a desembrulhar as ideias e é isso que ajuda a seguir em frente.

Disse que passou a maior parte da carreira a trabalhar com jovens. Estamos a falar de que idades?

No Reino Unido, o apoio à carreira é financiado pelo Estado desde os 15, 16 anos. Nessas as idades os jovens já recebem algumas informações. Depois novamente aos 17, 18 anos, quando começam a pensar em deixar a escola e depois há novamente um bom apoio financiado na universidade.

Quando é que devemos começar a pensar em carreira?

Devíamos começar a pensar em carreiras aos três anos, mas não estamos preparados para tomar uma boa decisão até aos 20 e tal.

Há evidências de que até as crianças realmente pequenas começam a ter algum tipo de ideia sobre empregos e sobre o mundo do trabalho. E, quando são muito pequenas, não têm necessariamente boas ideias sobre isso.

Num projeto de pesquisa em que eu estive envolvida, que trabalhou com crianças de cinco/seis anos, uma das crianças disse: ‘Eu acho que professores são mulheres, mas diretores são homens.’ Na escola dela, todos os professores eram mulheres e o diretor era um homem.

Acho que precisamos ter essas conversas para que possamos dizer, até àquela criança de cinco anos: ‘Como achas que seria se uma mulher fosse diretora?’ Para tentar dissipar alguns desses estereótipos.

Acho que podemos ter conversas realmente úteis quando eles são bem pequenos, fazendo com que entendam o que é o trabalho da mãe, do pai. Quando estão na rua com eles, no zoo, por exemplo, podem dizer: ‘Está ali um tratador. Como será o trabalho dele?’ Ir levantando ideias.”

Mas também disse que não estamos prontos para tomar boas decisões antes dos 20 e tal anos…

Esse é que é o desafio, não é? Porque sabemos pela neurociência cognitiva que a parte do nosso cérebro que toma decisões complicadas não está totalmente formada até que tenhamos vinte e poucos anos. E, no entanto, lá estava eu a lidar com jovens de 15 anos a terem de fazer escolhas.

Então, acho que se trata de começar cedo, fazer as pessoas pensarem sobre as coisas, mesmo quando são muito pequenas, mas, de alguma forma, garantir que não se sintam tão comprometidas até que estejam nos seus vinte e poucos anos.

Adoro a ideia de jovens que saem da universidade e vão experimentar alguma coisa. E que pensam: “Esta não é a minha carreira, este não é o meu trabalho para a vida, esta é apenas a primeira coisa que vou fazer e vou tentar. E depois penso se quero continuar a fazer isto ou outra coisa.”

Acho que isso aliviaria um pouco da ansiedade. Parte da ansiedade advém de, aos 21 anos, as pessoas pensarem: ‘Eu tenho de fazer a escolha com a qual vou ficar preso até me reformar’. Mas não é verdade. Essa é só uma primeira escolha.

Nota diferenças entre as dificuldades desta geração e das anteriores?

Provavelmente desafios diferentes, que surgem de coisas como recessões, por exemplo. Alguém que entra no mercado de trabalho a meio de uma recessão, tem um desafio específico. No Reino Unido temos toda uma geração de pessoas cujos pais nunca trabalharam e que elas próprias nunca trabalharam porque isso coincidiu com duas terríveis recessões em que o desemprego era realmente alto.

O que estamos a enfrentar agora, com a pandemia… Há muitas pessoas que começaram um emprego a trabalhar em casa, em confinamento, e tiveram dificuldades com isso. Temos pessoas a ajustarem-se à ideia de trabalho híbrido, o que acho que trará desafios próprios. Temos guerra na Ucrânia... Meu Deus, só de pensar nos jovens ucranianos, e se eles estão ou não a pensar nas suas carreiras… Eu sinceramente duvido. Dependendo de onde estamos, há problemas.

Mas a guerra na Ucrânia também está a contribuir para este enorme aumento do custo de vida, que limita as escolhas das pessoas.

Os clientes com que trabalha refletem a conjuntura atual nos seus receios?

Sim, com certeza. Os clientes não costumam falar sobre as razões das suas dificuldades. Não dizem que é por causa da guerra da Ucrânia ou o Brexit, mas vejo-os a lutar com as consequências desses problemas. Não podem comprar casa porque as prestações estão a subir, as taxas de juro. Nota-se que mostram alguma consciência das circunstâncias, algum medo do futuro.

As pessoas são sempre mais propensas a mudanças em tempos de pujança económica. Se estamos numa parte do ciclo em que as pessoas não veem um futuro positivo, é muito mais provável que permaneçam onde estão, mesmo que não estejam muito felizes.”

Qual é a principal causa que os clientes apresentam para quererem uma mudança de carreira?

Há muitas pessoas que querem ter mais significado e propósito na sua carreira. Acho que é a razão mais comum.

Isso liga-se com o que eu estava a dizer antes, que as escolhas que fazemos aos 21 anos nem sempre são muito bem informadas, porque somos muito jovens. As pessoas acabam num emprego e mesmo que não tencionem ficar lá, às vezes ficam porque talvez tenham sido promovidas, talvez tenham um certo salário, talvez tenham uma casa para pagar, filhos. Ficam presas no primeiro emprego, até que chegam a um ponto em que pensam: ‘Eu tenho mais 20, 30, 40 anos de trabalho e não estou feliz. Não é isto que eu quero para a minha vida.’

Então, tentam encontrar um emprego que lhes dê um pouco mais de significado, um pouco mais de propósito, e talvez reflita melhor a pessoa que elas são e a pessoa que querem ser.

E que dificuldades apresentam na altura de mudar?

Medo do desconhecido, dúvidas sobre se serão capazes de fazer outra coisa, desafios logísticos… Há pessoas que têm um certo salário e que têm que desistir desse salário para mudar. E é isso que alimenta o medo, a dúvida, porque eles pensam: ‘Eu vou fazer esse sacrifício, esse grande investimento, mas como é que sei que vai resultar? Como é que eu sei que o próximo trabalho não será tão mau quanto este?’

Há pessoas que começam a estudar em part-time, enquanto mantêm o emprego, o que eu acho que é uma solução fantástica. Começam a investir no futuro antes de desistirem do seu velho futuro.

Um grupo de pessoas com que tenho trabalhado também são mães que deixaram o emprego antes de terem filhos e agora querem voltar. E é um grupo em que a autoconfiança é um problema.

É bizarro, não é? Porque as mulheres quando têm filhos, aprendem muito, desenvolvem novas capacidades. E eu honestamente acredito que o melhor treino de gestão é estar rodeado por crianças de três anos. Se conseguir gerir um grupo de crianças de três anos, consegue gerir qualquer pessoa. Estas capacidades são valorizadas no trabalho, mas as pessoas não veem que é tendo filhos que as conseguem. E as mães também enfrentam um dilema enorme entre querer ser a mãe que elas querem ser, mas também querer ser a pessoa que elas querem ser. E sentem-se terrivelmente culpadas pela ideia de que querem deixar os filhos para irem trabalhar.

Quais são os fatores que fazem as pessoas felizes no trabalho?

O fator principal é sentirem que há um propósito. Se conseguir encontrar um emprego que ache que contribui para um bem maior. Não tem de ser necessariamente enfermagem, ou ensino, ou algo assim. Algo em que pense: ‘Acho que o mundo é um lugar melhor por eu estar a fazer este trabalho.’

O segundo fator é variedade. Encontrar um emprego em que faça muitas coisas diferentes ao longo do dia, do ano.

O terceiro fator são os colegas. Tem de encontrar um emprego em que trabalhe com pessoas com quem gosta de estar. Os colegas, o chefe, os clientes… se gostar de passar tempo com eles, vai gostar do trabalho.

Duas questões para pensar se estiver a considerar mudar de carreira ou a começar no mercado de trabalho:

A primeira questão é: ‘Se todos os empregos pagassem o mesmo, qual escolheria?’

A segunda questão é: ‘Se soubesse que não falharia, que emprego escolheria?’

Uma nota final:

Uma última coisa, e isso é já do meu lado de psicóloga: Há uma base de evidências que mostra que o coaching funciona. Deem-lhe uma oportunidade.


Texto retirado de: CNN Portugal"

 

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Funcionamento Executivo e a Leitura. Do aprender a ler ao ler para aprender

Texto traduzido da publicação PsychologyToday, de autoria de Mara Wood


Ler envolve a habilidade de descodificar palavras escritas em significado. O primeiro passo, a descodificação, é o processo de ensinar às crianças como associar símbolos aos sons. em termos leigos, isso é "aprender a ler".

A compreensão de palavras e sons é o próximo passo e envolve diversos processos cognitivos e linguísticos trabalhando em harmonia. Esses processos trabalham juntos para ajudar a “ler para aprender”. Um desses processos cognitivos é chamado de funcionamento executivo.

O que são funções executivas?

As funções executivas foram descritas de diversas maneiras e os pesquisadores ainda não chegaram a um acordo sobre uma definição formal. As primeiras concepções de funções executivas as descrevem como um sistema executivo central que supervisiona outras habilidades (Baddeley & Hitch, 1974; Juardo & Rosselli, 2007). A maioria dos psicólogos concorda que as funções executivas envolvem planeamento, raciocínio, organização, autorregulação, habilidades de atenção e memória de trabalho (Juardo & Rosselli, 2007).

Como as funções executivas nos influenciam?

As funções executivas usam múltiplas áreas do cérebro conectadas por meio de caminhos que se desenvolvem desde o pré-natal até a idade adulta (Center on the Development Child, 2012). As áreas envolvidas no funcionamento executivo vão desde os lobos frontais até estruturas subcorticais (Kolb & Whishaw, 2021). O desenvolvimento do funcionamento executivo reflete a mielinização dos lobos frontais do cérebro.

Por exemplo, as crianças aprendem a regular a sua atenção e a planear as suas ações nos anos pré-escolares (Baron, 2018). As crianças pequenas podem planear como resolver problemas simples (como conseguir um brinquedo fora do alcance). O desenvolvimento das funções executivas na pré-escola pode prever habilidades posteriores de matemática e leitura nas crianças (Blair & Razza, 2007).

O funcionamento executivo também influencia o desenvolvimento social e comportamental em crianças pequenas. O funcionamento executivo é uma área de intervenção precoce que pode impactar uma criança a longo prazo no domínio académico, social e comportamental (Center on the Development Child, 2012).

Como as funções executivas estão relacionadas à compreensão da leitura?

O funcionamento executivo e a compreensão da leitura podem ser conceituados em três componentes (Chang, 2020):

·         Flexibilidade cognitiva, ou nossa capacidade de alternar entre compreender as palavras que lemos e fazer conexões entre as palavras, outros textos e nossas experiências vividas.

·         Memória de trabalho ou nossa capacidade de reter uma pequena quantidade de informações para tarefas contínuas.

·         Controle inibitório, ou nossa capacidade de regular nossa atenção e comportamento para tarefas relevantes e suprimir respostas previamente aprendidas; na leitura, esta é a habilidade que usamos para suprimir significados de palavras incongruentes e/ou conexões irrelevantes com o texto.

Essas três habilidades de funcionamento executivo trabalham juntas para apoiar a compreensão da leitura. Há evidências emergentes de que o desenvolvimento de habilidades de funcionamento executivo é um pré-requisito importante para a compreensão da leitura (Spencer et al., 2020). A compreensão da leitura é preditiva do funcionamento acadêmico geral de uma criança (Hernandez, 2011).

As pessoas que têm dificuldade para ler palavras individuais geralmente apresentam uma perturbação de aprendizagem específica na leitura (dislexia). Os leitores disléxicos utilizam muito esforço mental para ler palavras que eventualmente se tornam automáticas para os leitores típicos. Num leitor típico, uma região do lobo occipital-temporal está ativa durante a leitura. Para muitos leitores disléxicos, esta região não está ativa durante a leitura de palavras. Em vez disso, os lobos frontais são mais ativos, resultando em grande esforço e incorporação de áreas de funcionamento executivo para leitura de palavras, em vez de compreensão do que está sendo lido (“Brain Scans Reveal Disruption in the Neural Circuitry of Children with Dyslexia”, 2003). Por exemplo, crianças que se concentram na decodificação durante a leitura não têm flexibilidade cognitiva para pensar sobre o significado semântico das palavras ou do texto como um todo (Chang, 2020).

Como podemos usar funções executivas para melhorar a compreensão da leitura?

Para que uma pessoa leia para aprender, ela deve primeiro dominar a leitura de palavras individuais. Uma vez alcançada a leitura de palavras, intervenções de compreensão de leitura podem ser implementadas para melhorar a compreensão do texto escrito.

As intervenções no funcionamento executivo são um método de tratamento de deficits de compreensão de leitura. Visar a memória de trabalho pode ajudar leitores com dificuldades a manter as regras fonéticas na memória durante a leitura, bem como ajudar a misturar sons em palavras desconhecidas (Perrachione et al., 2017). Demonstrou-se que as intervenções de flexibilidade cognitiva grafofonológico-semântica melhoram a compreensão da leitura (Cartwright et al., 2020). Para que as intervenções de funções executivas sejam eficazes na compreensão da leitura, elas devem incluir promover habilidades de leitura direta e exercícios direcionados à melhoria das funções executivas.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Guia para Pais – Prevenção do uso/abuso de drogas e álcool



As famílias esforçam-se para encontrar a melhor maneira de criar e educar os seus filhos, para viverem vidas felizes, saudáveis e produtivas. Os pais estão muitas vezes preocupados se os filhos iniciam ou já iniciaram o consumo de drogas como tabaco, álcool, haxixe/marijuana e outras, incluindo o abuso de medicamentos prescritos.

Vários estudos de investigação, nomeadamente os estudos do NIDA (National Institute on Drug Abuse), nos EUA, mostraram o papel importante que os pais desempenham na prevenção do consumo de drogas/álcool.

Este Guia para Pais pretende fornecer informações uteis, de modo a ajudar os pais a refletir sobre a forma como interagem com os filhos. Realça ainda algumas competências parentais, consideradas importantes na prevenção do início e da progressão do uso de drogas e álcool entre os jovens. Estes conceitos foram desenvolvidos pelo Child and Family Center da Universidade de Oregon/EUA.

Texto retirado de:

https://www.arsalgarve.min-saude.pt/comportamentos-aditivos-e-dependencia-estrutura-organicadicad-content/guia-para-pais-prevencao-do-usoabuso-de-drogas-e-alcool/#content

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Espetro do Autismo


 Como referido em publicações anteriores o "autismo" pode surgir de inúmeras formas, contudo, o mais importante é que o mais precocemente se diagnostique para que se possam ajudar as crianças que padecem desta patologia de forma a que elas possam crescer o mais "felizes" e com o menor número de constrangimentos.

- Psicólogo Sérgio Pedro

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Por que os cérebros dos adolescentes são particularmente vulneráveis ​​às redes sociais?

Neste vídeo  da Associação Americana de Psicologia podemos perceber em dois minutos como os adolescentes  são um grupo de risco elevado na utilização de redes sociais. Um dos pormenores interessantes deste vídeo é que carateriza o risco não pelos comportamentos apresentados pelos  jovens mas sim pelas alterações neurofisiológicas.

- Psicólogo Sérgio Pedro



segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Site da Direção Geral deEnsino Superior

 

Assegura a implementação das políticas públicas de ensino superior e a sua regulação, apoiando o responsável pela área governativa da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.